Ter um animal de estimação
Desde criança que sabia que queria ter um animal de estimação.
Fosse cão, gato, periquito, coelho... não interessava.
Sentia aquela necessidade imensa de adotar, de ter e de cuidar.
Os Animais da Minha Infância
Das minhas memórias mais felizes de criança, existe uma muito marcada e que conto muitas vezes. Tinha eu aproximadamente 3 anos, estava a passar férias na terra da minha avó paterna, no campo. Adorava ir para lá, mas só porque a aldeia estava repleta de animais: cães e gatos à solta, quintas com animais de gado, um bosque com outros animais mais exóticos... aquilo para mim era o paraíso. Havia uma senhora, amiga da minha avó, que tinha uma quinta enorme, cheia de galinhas, ovelhas, cabras, vacas, porcos... nesse tal Verão de que tenho esta memória, estava eu nessa quinta, e a senhora pediu-me que me ajoelhasse no chão, esticasse os bracinhos e fechasse os olhos. Eu, bebé de 3 aninhos de cabelos loiros e bochechas gordas, fiz muito atentamente o que a senhora me tinha pedido, aos risinhos marotos de uma criancinha de tenra idade. Para meu espanto, quando me pediu para abrir os olhos, reparei que tinha em cima de mim três pintainhos minúsculos: um amarelinho num braço, um outro mais escuro, meio preto, no outro e um muito clarinho quase branco em cima da cabeça. O que eu me ri! O quão estava eu feliz!
Sempre pedi aos meus pais mais e mais animais de estimação. Em pequena, tive tartarugas: o "Várzio-Várzio", a Flora, a Bebé e a Marota (mais tarde, já mocinha, viria a ter a Lunita); tive canários, como a Palmira e o Jeremias (um casalinho, que fazia referência ao casal do ZigZag, e que, entretanto, tiveram uma bebé, a Chiquinha), o Arco-Íris, o Anjinho e a Estrelinha, mais tarde o Sunny; tive vários peixinhos, igualmente com nomes peculiares, mas caricatos... mas o que eu sempre pedia e queria era um cão ou um gato.
Porquê?! Ora, porque eu queria afeto! Filha única até aos 7 anos, sempre quis uma bolinha de pêlo que se mexesse, sentisse e emitisse som para partilhar todos os momentos comigo. Queria um peluche a sério e real para dormir comigo, algo para apertar, dar beijinhos e receber de volta.
Aos 4 anos, a minha mãe resolveu adotar um gatinho bebé de uma vizinha nossa que estava a dar gatos da ninhada da gata dela. Estava em pulgas. Chamei-lhe de Fofinho, porque era mesmo fofo: uma incrível bola peluda amarelinha, muito pequenina, uma máquina miniatura produtora de ronrom. No entanto, mal sabia eu que o meu primeiro animal de estimação a sério, como eu dizia, estava muito doente e à beira da morte: tinha uma pneumonia grave, devido a viver no jardim com os seus irmãos e com a sua mamã. Mas eu, otimista irrealista como todas as crianças, achava que bastava um remédio para ficar tudo bem. O meu novo melhor amigo iria sobreviver e brincar muito comigo. Brinquei imenso com ele: era tão pequeno, que coube num castelo meu das bonecas; brincámos às fadas e às princesas e tudo aparentemente estava bem. Um dia, depois de tanto insistir e pedir à minha mãe, o Fofinho foi-me buscar à escola: vinha num cestinho, enrolado com umas mantinhas. Eu só o queria agarrar e mostrar às minhas amigas: «Olhem o Fofinho! Olhem o meu novo irmãozinho!» dizia eu de sorriso de orelha a orelha, num estado extremo de felicidade. A minha mãe, cabisbaixa, tirou-mo do colo, voltou a metê-lo no cestinho e disse «O Fofinho está muito doente». Percebi então que o remédio não tinha funcionado. Aí parou-me tudo. Estava prestes a perder o meu novo melhor amigo. Passados uns poucos dias, num fim-de-semana, percebemos que o Fofinho estava nas suas últimas horas de vida: eu, a minha mãe o meu pai levámo-lo para o tapete vermelho do escritório, metemo-lo no chão e chorámos. Por incrível que pareça, e mesmo sendo muito difícil de acreditar pelas minhas palavras, o Fofinho antes de nos deixar, despediu-se de nós: foi ao colo do meu pai e deitou-se; levantou-se, foi ao colo da minha mãe e fez o mesmo; no fim, foi ao meu colo, deitou-se e adormeceu no triste sono profundo que é a morte. Ainda me emociono a escrever disto, passados tantos anos. Mas a verdade, é que esta história do meu pequeno Fofinho, o meu primeiro animal de estimação, ainda me continua a tocar na alma e no coração. Ele despediu-se de nós de uma forma tão digna e tão sobre-humana, que até hoje guardo esta visão do ele a despedir-se num local muito especial das minhas memórias. Até um dia, meu irmão Fofinho, espero reencontrar-te quando for para o mesmo lugar que tu...
Depois do Fofinho, ainda tive que esperar algum tempo para voltar a ter um novo irmão. Com o desgosto da partida, só mais tarde vim a ter o tão mauzinho e terrorista gatinho Riscas e, depois, o meu primeiro cão, um São Bernardo muito mimado chamado Sultão.
Na minha nova fase de vida com apenas o Sultão, surgiu outro irmão, o Storm. O Storm era um filhote da primeira ninhada do casal de YorkShires Terrier dos meus padrinhos, e era óbvio que eu tinha que ter um. Aquele ratinho peludinho veio comigo para casa com apenas 1 mês de vida e durante bebé passou a fazer parte de toda a minha rotina. No entanto, isso durou pouco. A minha irmã mais nova nasceu, irmã humana. Com as atenções todas viradas para ela, o pequeno Storm infelizmente ficou para segundo plano... ele e o Sultão eram a companhia um do outro.
